domingo, 7 de outubro de 2012

i7 com Windows 3.1

Minha avó está com quase 90 anos... tem Alzheimer, Parkinson e sobreviveu a um AVC há cerca de 4 anos. O AVC foi identificado muito rapidamente, então não deixou sequelas... e o Parkinson está medicado e ela não tem tremores... mas o Alzheimer... esse sim pega. Pelo olhar dela e pelo tom de voz, dá para saber se ela está presente ou se é apenas o corpo dela que está lá... Meu avô, primeiro marido dela, faleceu há cerca de 20 anos. A mãe dela, há bem mais tempo do que isso. No entanto, tem dias em que minha avó tem certeza de que os dois estão vivos. Hoje, por exemplo, ela me falou que estava na casa do meu avô... perguntei como ele estava e ela falou que estava bem. Já aprendi que, nos dias em que a mente dela não está presente, não adianta nada a gente argumentar nem tentar comprovar que ela está errada. Aprendi isso durante uma refeição, quando ela perguntou se a mãe dela estava bem e eu disse que sim, que ela estava muito bem lá no ceu... ela ficou me olhando como quem não estava querendo aceitar que a mãe dela morreu...

Nestas horas, fico pensando... talvez o Alzheimer seja uma forma de nos protegermos da dor de ver as pessoas queridas partirem. Nestas horas, também, fico pensando que a gente deve se esforçar para que nossa vida seja, na medida do possível, uma sequência de dias serenos... pois quando ficarmos velhinhos, vamos voltar a vivenciá-los... talvez o alemão seja, afinal, uma forma de acerto de contas com nosso passado... ao longo da nossa vida a gente vai desenhando o paraíso ou o inferno no qual vai viver quando o alemão bater à nossa porta...

E o mais interessante é que, organicamente falando, ela está ótima. Fazendo uma analogia, é como se fosse um processador i7 rodando Windows 3.1... ou uma Ferrari dirigida pelo Mr. Magoo...

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