domingo, 7 de outubro de 2012

Muito melhor do que desafiar-se é vencer-se

Nunca fui assídua praticante de esportes. Menos ainda de esportes radicais. Por isso, quando me vi a 50 cm do chão de um circuito que duraria cerca de 1h30 e 400 m, quase desisti. Não houvesse logo atrás de mim uma pessoa me motivando a subir, teria desistido certamente. Afinal, pensei, o que estava querendo com aquilo? Não precisava provar nada para ninguém, oras... mas sabia que, se desistisse naquele começo, nunca mais teria coragem de tentar novamente. Aceitei o desafio, respirei e, nos próximos 50 cm de subida, lembrei do velho quadrinho de risco, ou seja, a combinação de perigo e probabilidade... e concluí que, apesar do impacto de 20m em queda livre ser considerável, a probabilidade disso acontecer era negligível... poderia, sim, ficar pendurada na corda vida pelas solteiras, mas cair, me espatifar... altamente improvável. Então, se o risco era negligível, o negócio era controlar a mente e continuar subindo.

O circuito de arborismo do Ybira Pé tem 400 m, já falei... são 14 trechos entre caminhada sobre fio de aço, sobre corda, sobre pedaços suspensos de madeira e que culminam com uma tirolesa. A guia, cujo nome não lembro mais se era Manoela, Monique ou Nicole (o pavor do momento não permite lembrar rsss), acompanhou o tempo todo na frente e ia tirando fotos... e meu anjo-da-guarda, JC, o tempo todo atrás me ajudando a trocar os cabos das solteiras entre um trecho e outro, quando necessário. Por volta dos 5 metros de altura, perguntei a ela se o que estava tremendo era a corda ou se era eu. E ela respondeu o que eu já imaginava: era eu. Ai.

Dos 10 aos 15 m, dei uma relaxada porque já não faria grande diferença cair de 10 ou de 15 m...  a vista lá do alto é linda. A gente enxerga longe, longe... até que chegamos a um trecho de cordas que era uma subida íngreme... tinha visto este trecho lá do chão e me perguntei se teria perna para aquilo. Devia ter um ângulo de 60 graus. Aí, faz a conta: 60 graus de declividade, 15 metros do chão e eu presa por dois cabos à corda vida? Ou melhor, à vida??

No final do trecho de corda, mais uma surpresa: uma escada que levaria a uma plataforma de onde partia a tirolesa. Sem brincadeira. Eu queria passar o resto da minha vida abraçada àquele ipê roxo maravilhoso... Descer de lá dos 20m prá quê? Enfim, na falta de outra opção, vamos lá encarar a descida através de um único cabo, presa por um único ponto... JC foi primeiro e deu para ter uma noção do tempo que iria demorar entre sair da plataforma de 20 m até chegar à outra, que devia estar a uns 3-4 metros abaixo... dizer que senti medo seria uma mentira, uma grande mentira. Senti foi pânico. ficar lá parada à beira da plataforma, olhar lá embaixo... dá aquele frio na barriga. Mas já que não tinha outro jeito e já tinha chegado até lá... pulei. Pulei e para minha surpresa a sensação é maravilhosa. Depois que a gente pula, o medo vai embora, é uma alegria muito grande e a gente fica querendo que aquele pulo dure para sempre. Prá terminar, um rapelzinho de uns 8 m, coisa à toa...

Entrada do Ybira Pe

Nesta hora, a mente esvazia... o que realmente importa é manter-se em cima da corda...


Andar olhando a copa das árvores de cima prá baixo é uma sensação incrível!

A subida final prá tirolesa. Pernas, prá quê te quero!

"O homem tem que ter domínio de si mesmo, para tornar-se senhor do seu destino e comandante de sua alma." (Eduardo Lino). Saio desta brincadeira mais confiante, mais segura e muito feliz por ter tido coragem de desafiar e vencer meus medos.

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