segunda-feira, 29 de agosto de 2011

16 horas no semiárido nordestino

A primeira vez que vi a caatinga, não sabia que estava na caatinga. Foi em 2005, depois de um Siconbiol em Recife. Falei para o Adalecio que queria conhecer o sertão e ele, como sempre parceiro nos caprichos que passavam pela minha cabeça, topou... alugamos um carro e lá fomos em direção oeste... paradinha em Caruaru para compras e voltamos pra estrada... anda, anda, anda... passamos numa cidadezinha de colonização suíça cujo nome não me lembro... anda, anda, anda... não sei quantos quilômetros e nada... cadê aquela secura dos livros de Geografia? Cadê a caatinga das aulas de Ecologia Vegetal? Já desanimando, paramos na beira da estrada e perguntamos para um senhorzinho que tava por ali sentado... 'falta muito para chegar no sertão?' Ele, com toda a calma e sem rir da nossa cara respondeu 'o sertão é aqui'... era época das chuvas e o sertão tava verdinho, verdinho... enfim... a gente tem que botar o pé na estrada mesmo para ver o mundo como é... os livros e os professores contam apenas parte da história toda...

Entre essa primeira incursão pelo sertão e a semana retrasada, estive no sertão de PE ou BA várias vezes... dando aula, palestra ou participando de reunião... nem sei quantas vezes... perto de seis, talvez... mas nunca tinha calhado de ir na janelinha... foi muito legal ver lá de cima o sertão - e agora o sertão estava com cara de sertão mesmo... sequinho, sequinho. A gente vê os projetos de irrigação e áreas vizinhas não irrigadas e só aí toma consciência de como seria a economia da região sem os projetos de irrigação em Petrolina. Foi uma paradinha rápida, só o suficiente para dar uma aula no Curso da Moscamed sobre Mosca-das-Frutas.

Este ano, diferente das outras edições das quais participei, não falei sobre comportamento de mosca-das-frutas, nem de ecologia de mosca-das-frutas... aliás, talvez não tenha sequer mencionado a palavra mosca-das-frutas na aula... este ano falei sobre defesa agropecuária... uma descrição do sistema brasileiro de defesa agropecuária e das partes que o compõem e sobre a forma como elas interagem. Foi a primeira vez que dei essa aula e é gostosa a sensação de ter trocado o disco.

À noite, Bodódromo com meu eterno orientador, Aldo. Já faz mais de 10 anos que saí de baixo das asas dele, mas não sei se sou eu que não perco a mania de ser orientada dele ou se é ele que não perde a mania de ser meu orientador. Só sei que já tenho quase o dobro da idade que tinha quando comecei a trabalhar com ele, mas o respeito e admiração seguem inabalados.

Não estava conseguindo fechar este post e fui salva pelo comandante, que anunciou: 'atenção, tripulação, preparar para pouso'... e lá vou eu descer em Brasília para pegar um outro avião agora para o Piauí!


Contraste entre áreas irrigadas e não irrigadas.

Bodódromo? Só conheço aqui em Petrolina! Delicioso churrasquinho de bode com meu chefe.

Não é montagem nem pose para foto... ele estava há 3 dias sem beber cerveja!

Velho Chico

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