domingo, 24 de abril de 2011

De Manaíra a Tambaba - Geologia de tirar o fôlego

Cheguei esta madrugada a João Pessoa. Daqui, diz o Prof. Evaldo que, dependendo das condições meteorológicos e do grau de etanol no sangue, a gente consegue enxergar as luzes da África e que, em condições muito especiais, escutam-se os sons de lá também. Afinal, esta é a cidade mais oriental do Brasil e fica a cerca de 4000 km do continente africano. João Pessoa é uma das cidades mais verdes do mundo considerando-se a área verde por habitante. A cidade é limpa e segura. E o povo é super hospitaleiro. Por isso, não vai ser sacrifício nenhum passar uma semana em terras paraibanas.

É a minha terceira vez aqui. A primeira foi para assistir ao Endesa e a segunda, para os preparativos do Enfisa. Mas graças aos altos preços dos voos para o domingo de páscoa, fui obrigada a vir ontem... Sacrifício nenhum, repito.

Mas vamos lá. Hoje aluguei um buggy (com bugueiro, claro) e fiz um passeio longo pelo litoral sul da Paraíba. Saímos de Manaíra e fomos até Tambaba. Cerca de 40 km do centro de João Pessoa. Entre ir e voltar foram 7 horas. Ou seja, uma média de 12 km por hora (2 x 40 km/ 7 horas). O bugueiro - Rodrigo Egito - é uma dessas pessoas apaixonadas pelo que faz. Dirige buggy há 12 anos e nunca tirou férias. Nem consigo entender o por quê rsssssssssssss eu também não tiraria férias nunca de um 'trabalho' desses... privilégio ter um local de trabalho como o dele.

Rodrigo e Barbie, companheiros de viagem.


1. As falésias
Na primeira parada, o bugueiro falou que o que pensei que fossem falésias não são falésias e sim tabatingas. E disse que a diferença é que a tabatinga é uma formação argilosa, com argilas de diferentes cores. Depois, procurando no Google, li que o que eu vi foi na verdade a Falésia de Tabatinga.


2. Recifes de franja

Recifes de franja na praia de Coqueirinhos. Aqui se aplica o velho ditado 'água mole em pedra dura...' Passei um tempão olhando as ondas esculpirem a rocha e vendo a vida marinha nas frescas e poças. Uma diversidade de vida tão grande que quase me arrependo de ter excluído o conteúdo das aulas de Criptógamas e Invertebrados do meu HD interno... estava lendo há pouco que os recifes de franja são os que ocorrem paralelos à costa da qual são separados por lagoas pequenas, em contraposição aos recifes de barreira que ocorrem também paralelos à costa mas separam-se desta por lagoas grandes.

Recifes de franja na praia de Tambaba. Adorei a pedra rachada com coqueiro em cima. Dá a impressão de alguém ter dado um gole de karatê e quebrado ela no meio. E o coqueiro? Quem colocou ele aí? Aliás, um parêntese - ficar olhando para esses recifes é um exercício para imaginação. Vi baleias, cabeças, jacarés, dragões... (mas ainda não escutei os sons da África rssssssssssss)

3. Os Maceiós

Um maceió - lagoa de água doce/salobra, pelo que entendi é um mangue fechado cujas águas podem ter tido comunicação com água do mar mas agora não têm mais. Ocorre muita decomposição de matéria orgânica e o cheiro não é lá dos melhores.

4. O Cânion
Deixei o melhor por último. Quando o guia parou o buggy não acreditei no que estava vendo. Um capricho só. Essa rocha em forma de cone vem sendo esculpida há milhares de anos pelo vento e pela água... deve ter perto de 100 m de altura, sei lá. É o Castelo da Princesa (minha sobrinha ia adorar o nome). As rochas são friáveis, com muito pouca força rompem-se camadas de argila/areia das mais variadas cores. Não conseguiria dizer quantas tonalidades de marrom, vermelho, terracota e ocre eu vi.

Aqui esmagando o Castelo da Princesa com um dedo...

Aqui perplexa diante da diversidade de cores e riqueza da formação geológica.

Olhem o capricho destas formações. Em cima de cada 'palito' (algum geólogo de plantão por favor me diga o nome destas formações... elas têm uns 30 cm de altura) tem uma pequena rocha. e essas rochinhas têm cores tão variadas que a gente fica se perguntando se a pessoa que colocou elas ali não tinha mais o que fazer com o tempo dela...


Lindinho, não? Falando sério... acho que funciona assim - as pedrinhas caem numa superfície plana e à medida que vai chovendo, a erosão vai levando a parte que não está protegida pela pedrinha e vai cavocando a tabatinga. Quanto tempo será que vive uma 'tabatinguinha' dessa? Quanto tempo será que demora para a chuva e o vento transformarem o Castelo da Princesa em areia?

É bom botar a cabeça de folga. É bom saber que, mesmo tendo deixado as Ciências Naturais meio de lado, elas continuam me fascinando. E, acima de tudo, é bom encantar-se com a simplicidade, com o natural. Voltei para o hotel pensando se lá do outro lado do Atlântico encontrarei formações parecidas... afinal, quando a Pangea era Pangea, o Cabo do Seixas estava encaixadinho no Golfo da Guiné... mas... até que eu possa ir para a Nigéria ou Benin... me resta ir para a beira do mar e tentar ver as luzes e escutar os sons de lá... o difícil vai ser conseguir isso bebendo apenas água de coco ou suco de abacaxi...

2 comentários:

alfonso disse...

Olá!
Meu Nome é Alfonso, Sou Guia de Turismo em João Pessoa e trabalho com passeios de Buggy, obviamente sou amigo do Rodrigo.
Gostaria de resgistrar atravez deste, a satisfação como voçe tratou do roteiro, com riqueza de detalhes e nota-se com muito entussiasmo, Claro não poderia deixar de registrar o excelente trabalho do Amigo Rodrigo, isto mostra o alto nivel de profissionais que a Paraiba dispoe no que diz respeito Guias de Turismo/Bugueiros.
Parabes Regina! Por enaltecer nossa querida Paraiba e parabens Rodrigo pelo alto nivel de profissionalismo.
Um abraço!

Regina Sugayama disse...

Oi, Alfonso, obrigada pela visita e pela mensagem. Amei demais o passeio e já incluí João Pessoa na minha lista de cidades onde eu gostaria de ir morar um dia. Já estão Maceió e Belém... um dia eu venho... tudo é muito lindo e as pessoas são muito amáveis. Um abraço.