Tem coisa que só acredito porque vi ao vivo. E foi isso mesmo que aconteceu, aliás, que vem acontecendo nos últimos finais de semana. Acordo cedo, boto um tênis, me agasalho para o friozinho gostoso das manhãs de BH (tá, friozinho é exagero... fresquinho, digamos) e saio para pedalar... percursos curtos, na medida do que minha condição física de pessoa sedentária permite... mas suficientes para dar aquela sensação gostosa de que todas as células do corpo estão trabalhando, vibrando. Que seja meia hora, não importa... importa, apenas tirar o corpo e a mente da zona de conforto.
Não tem nada mais perigoso no mundo do que zona de conforto. É numa zona de conforto que talentos se extinguem, que habilidades atrofiam, que a criatividade se esvai... e junto vão a capacidade de resolver problemas e de construir cenários e bolar estratégias... Botar o cérebro num MRU é convite para que o alemão chegue mais cedo.
Quando era criança, tive uma bicicleta azul da Caloi, que dividia com meu irmão do meio. Mas aí ele era muito mais habilidoso do que eu e ganhou bicicletas maiores e eu fiquei mesmo na minha caloizinha... depois, muitos anos depois... ganhei minha segunda bicicleta do meu primeiro marido. Acho que foi uma maneira educada que ele encontrou para fazer com que eu saísse da frente do computador e da máquina de costura... foi uma boa tentativa, mas para minha (in)felicidade, entrou ladrão na garagem e levou as bicicletas novinhas... pena, não? E a verdade é que eu não curtia mesmo. De repente, os 40 bateram na porta juntamente com um diagnóstico de esofagite e aí caiu a ficha: preciso me mexer.
Procurava alternativas quando mudei para este prédio no Ipiranga... uma das coisas que mais gostei nele é o fato de ficar numa avenida plana, fenômeno raro em BH. Ela tem uns 2,5 km de extensão e é praticamente plana em toda sua extensão. E então, num desses domingos de inverno fresco e ensolarado, pulei cedo da cama e fui lá comprar minha terceira bicicleta.
É verdade que a gente nunca esquece como anda, mas o que nunca haviam me contado é que o corpo perde condição. Minha primeira pedalada foi de longuíssimos 10 minutos e extenuantes 1000 m. Parecia que tinham botado meu corpo num liquidificador. Uma sensação divina de ser desafiada a fazer algo novo. É maravilhoso estar diante de algo que faz com que a gente se sinta incapaz. é desafiador. Quem é kosokosô que nem eu fica esperando uma oportunidade para ir lá de novo mostrar que pode fazer mais e melhor.
Motivação para isso eu tenho de sobra: a trilha inca, no Peru. Me falaram que tem gente que organiza a descida de bici e quero muito fazer isso. 40 km. Mas é descida. A gente sai de 3.000 m e chega a 2.600 m de altitude. Ainda falta muito para eu chegar a 40 km, teria que somar todas as vezes que andei de bicicleta na vida que ainda ficaria faltando... mas vou treinando e anotando tudo num app bacana que baixei no play store do Android. Chama-se Minhas Trilhas e registra as informações como distância percorrida, altitude, velocidade e dá gráficos de altitude x velocidade... e joga tudo no Google Maps... até pouco tempo, ele não compartilhava os detalhes (pelo menos não lembro de ter isto esta função semana passada), agora ele compartilha tudo via Facebook, Evernote, Email, Bluetooth ou SMS. Olha que legal: https://maps.google.com/maps/ms?msa=0&msid=211959240487942596940.0004c5f651212bbb851c1
E viva o smartphone. Graças a ele, consigo passar meia hora longe do computador. Ou vocês pensaram que eu conseguiria acordar cedo no domingo, comer um café natureba, ir pedalar e ainda por cima ficar desconectada? Aí já seria querer demais, né???
Um comentário:
Eu acho que tu sempre gostou de bicicleta, pois você vivia de olho na minha, a vontade de pedalar estava latente, só faltava sair da zona de conforto,... que bom que saiu!
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