quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Esquizofrênica, eu? Não. A mulher do lado que era folgada mesmo...

Mais um causo de avião...

Brasília - Manaus... viagem noturna... longa... e eu cansada física e mentalmente depois de um dia corrido no Pranauto... sentei... fechei os olhos... dormi... como sempre e apesar do nenê gritando no assento atrás do meu... e então... do além, começo a ouvir algo entre um lamento e um mantra... meio dormindo, meio acordada... achei que estivesse sonhando, mas fiquei intrigada e acordei... olhei pro lado e a mulher do lado parecia dormir... olhei prá trás com aquele olhar fulminante para ver se era a mamãe do nenê que cantava pro nenê dormir... mas ambos dormiam... e o mantra choroso continuava... e continuava infinito...

Tentei permanecer racional e cheguei a uma hipótese: 'enlouqueci!... isto deve ser o início de um surto esquizofrênico... este som tá vindo de dentro do meu cérebro.'... Cientista, testei essa hipótese tapando os ouvidos... ou seja, se ao tapar os ouvidos a música continuasse, esquizofrenia. Caso contrário, alguma mulher sem noção de limites e respeito a bordo. Repeti o experimento três vezes... e nas três vezes, ao tapar os ouvidos com as mãos, o som desaparecia.

Ainda não plenamente convencida, acionei o chamado de comissária e fui prontamente atendida... 'moça, por favor, vem aqui pertinho. Vc escuta uma música?'. E ela respondeu muito educadamente 'Não'. Putz. Lembrei do Tarso, o personagem esquizofrênico interpretado pelo Bruno Gagliasso há alguns anos. As vozes, será que elas mudaram pra dentro da minha cachola?

Insisti: 'Vem aqui mais pertinho'

'Ah, sim, eu escutei agora'...

Não sei se ela de fato ouviu ou se disse que ouviu pois foi treinada a não contrariar louco pq louco contrariado pode ficar agressivo. Na dúvida, pedi a ela:

'Pode conseguir uns fones de ouvido para eu não ter que ouvir isso até Manaus?'

'Não, não temos fones de ouvido.'

'Então, por gentileza, descobre de onde vem essa lamúria e pede para a pessoa parar porque eu não preciso passar horas ouvindo ela gemendo'.

E ela, então, chegou perto da mulher ao meu lado (que se fazia de morta o tempo todo), cutucou ela e pediu para ela parar porque estava incomodando outros passageiros.

Voltei a dormir feliz da vida por não estar esquizofrênica e por poder desfrutar as minhas horas diárias de silêncio... O mundo deveria estar povoado de comissárias e comissários que façam esse serviço de intermediário prá gente reclamar sem ter que falar diretamente com gente sem noção de limite...


UFA!

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